segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Onda



Uma onda invadiu a praia. Tão forte, pesada e barulhenta que logo pensei:

- Será que ela está aborrecida?

No segundo estrondo, a certeza. O mar sente igual gente.

Triste, chora longas ondas. Marcas profundas no chão.

Alegre, corre pra lá e pra cá, depressa. Brincando de bolinha de sabão.

Em fúria, arrasa e arrasta tudo. Gigante a amedrontar.

Há dias em que está calminha. Vira marola tranquila e nos convida a entrar.

A onda é o jeito de o mar falar.

Quando bate forte na pedra é um aviso de que o mar não está pra peixe. Melhor não mergulhar.

Gelada, anestesia a mente e, por um instante, nos misturamos ao mar. Sentidos entregues à vontade de nadar.

A onda não tira onda com a gente. É clara, faz espuma para explicar. Para bom entendedor, meia onda basta.

Dentro do mar, furo a onda, subo em sua crista, me escondo para esperar ela passar.

A onda é como eu. Adora brincar.

Eu sou como a onda. Também sei chorar.

Foto: Edmar Facó

À minha mãe, pelas revisões e apontamentos sempre tão oportunos.
Ao meu pai, pela inspiração.

Um comentário:

  1. As ondas da foto, nos faz imaginar tambem uma dança, de ondas de agua e espuma com ondas de pedra e poeira, sempre em movimento, como a vida, sobe, desce, dimansinho, sobe, desce, mediozinho, sobe, desce, rapidinho, sobe, desce, sobe, desce, sempre e derrepente, sobe? desce? em movimento, sempre, sempre, em movimento...
    Bj.
    Edmar

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