segunda-feira, 30 de maio de 2011

Borboleta Branca



Entre ruínas, plena
Feito tijolo, forte
Sem tinta. Sem corte.

Na maré dos olhos
Pousa a borboleta branca
Passeia pela emoção

Ali, diante dela
Não era o amargo do vermelho
Era o doce do branco

Folha vazia
Nas asas da borboleta
Deita a fantasia

O tempo ancorado

Em festa, o antes voa
Em rito, o agora fala
Em espera, o depois lá fora

Encontro marcado
Por presentes
Presenças de presente

Na alma da borboleta
No verso do poeta
Na graça de uma gente

A borboleta some
A homenagem termina
A menina caminha

Acomoda na mão
Uma bagagem nova
Vidro cheio de gratidão



Ilustração: capa do livro "Vermelho Amargo"

Ao homenageado da FLIST 2011, Bartolomeu Campos de Queirós,
e a todos os presentes - inclusive a Borboleta Branca! - que lotaram, no dia 14/05, o Parque das Ruínas de emoção. 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A árvore



Mergulhar na história, sair dela encharcada. A menina deu este pulo ao ler “A árvore”, um livro que chegou de repente, sem avisar e revelou um pedaço dela. Do chão árido do nordeste, da falta de tudo que cerca uma gente, ela encontrou uma senhora. A sua senhora.

Como em uma viagem, ela viu a origem da força e da generosidade que sempre a cercou. Viu as suas raízes.

Junto com os meninos Tidinho e Zé de Bruno sentiu-se guardiã da árvore que durante tanto tempo foi sua cabana. A menina era broto da árvore frondosa, de tronco grosso, reto e seguro.

A cada linha, uma gratidão sem medida invadia a menina. O texto misturado à vida. A vida se encontrando no texto. À sombra protetora das palavras, ela teve um encontro com a avó. E na sala de espera da saudade, a menina fez do livro sua morada.

E escreveu pequenininho, no canto do papel:

Somos todos frutos de uma árvore.

Toda criança é um broto que alimenta de esperança a humanidade.

 
Ilustração: Marina D'Aiuto

Para a árvore que trago junto ao peito e que ainda faz sombra...

À autora Yacy Saboya pelo encontro mágico e único...
À ilustradora Marina D'Aiuto pela força de suas ilustrações.