quarta-feira, 29 de junho de 2011

O lápis



Risca e rabisca. Conta, reconta, inventa. Diz o que vai pela ponta do pensamento. Às vezes, treme, segue a gente. Gosta de preencher vazio. Inclinado a dar opinião.

Vive muito quando é apenas decoração. Se usado, aponta os caminhos e some rápido. Quando é de estimação, vira cotoco e some na mão.

Apagar não é com ele. Há quem grude com este fim, mas ele sempre diz:

- Eu sou o começo, o meio e a inspiração. Não apago nada não!

O papel onde deita a sua fantasia pode ser liso, com pauta, sem nada. Ser solto na vida ou vir acompanhado. Melhor se for branco pra deixá-lo correr pra todo lado.

Andaram dizendo que a vida dele está por um triz. As letras soltas já não dão mais a mão. Das teclas de onde agora as palavras nascem é cada dedo por si e nenhum pelo outro. Comandados, batem forte, tal qual marcha-soldado:

1, 2 vão por ali
3, 4 pra todo lado
5, 6 um de cada vez
7, 8 escrevam dezoito
9 e 10 acabaram-se os papéis.

O apontador sai de cena de fininho, os dedos já não se abraçam. É raro vê-los dançando juntos, coladinhos.

Ele? Resistente, teima em se fazer presente. Feito de madeira, grafite e coração, um bom lápis pulsa, preenchendo a imensidão.

Um comentário:

  1. Olá! Rachel,
    Lindo texto! Espirituoso e divertido.
    bjs
    Cristina Sá
    http://cristinasaliteraturainfantilejuvenil.
    blogspot.com

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