segunda-feira, 23 de agosto de 2010

À Procura



A menina estava preocupada. Procurava e não achava. Aonde havia deixado? No quarto, não estava. Debaixo da cama, nada. Na estante, entre os livros, quem sabe? Também nada. No banho, será que a encontrava? Pelos cheiros da cozinha terá sido atraída? Em todos os cantos da casa, era só o que via: nada.

Saiu à rua. Ela gostava do mar. Da areia da praia. Na certa, estava perdida por lá. A menina olhou. Sua vista alcançou o horizonte e todos os seus sentidos juntos, em alerta. Vendo o mar; ouvindo o bater das ondas; o vento no rosto; o cheiro de maresia; o gosto da água de coco. Cadê? Onde você foi parar?

Fugiu. Terá ido pra uma terra distante, desconhecida? Se perdeu na multidão? Encontrou alguém que lhe desse o devido valor?

- Se encheu de mim!? - berrou a menina.

Que aflição!

Mesmo sem querer, mesmo sem perceber, vai ver a menina havia feito algo de errado. Por que ela iria desaparecer?

Foi a sua preguiça? Sua dificuldade de dizer o que sentia ou o que queria? Devia ter se esforçado. Dito:

- Não é todo dia que a disposição me desperta. Não é todo dia que uma luz se acende. Às vezes, fico apagada.

Mas isso teria adiantado?

Agora, sem ela, seria ainda mais difícil acordar. O que fazer?

Talvez, esteja aqui. Escondida na folha branca. No lápis preto.

Não foi no primeiro, acho que no segundo ou terceiro traço, a menina despertou:

- Ah! Te peguei! – e, da euforia ao sussurro, pediu, clemente:

- Fique aqui, assim, comigo. Sempre.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Rio Belo




Um Rio independente. Um Belo presente.
Um Rio de alma. Um Belo de calma.
Um Rio artesão. Um Belo poeta.

Um Rio e seus espaços. Um Belo e seus casos.

Um Rio atravessa. Um Belo desperta.
Um Rio de amor. Um Belo de dor.
Um Rio inventor. Um Belo professor.

Um Rio por Santa. Um Belo pela Santíssima Trindade.

Um Rio teimoso. Um Belo composto.
Um Rio de correnteza. Um Belo de leveza.
Um Rio de Janeiro. Um Belo Horizonte.

Um Rio Belo pela palavra. Um Belo Rio que passa.


Ao Belo Rio que passou por mim no 12º Salão da FNLIJ, obrigada! 
Um Rio chamado Lygia Bojunga e um Belo Bartolomeu Campos de Queirós.